domingo, 20 de agosto de 2017

Sobre o ensino de filosofia - minha resposta

Estou fazendo um curso de especialização em Filosofia e na avaliação do módulo que finalizo hoje perguntaram:

"Comente a tese exposta a seguir. Você deverá apresentar razões para sustentar seu ponto de vista: 

`O ensino de Filosofia deve poder instrumentalizar o sujeito para que estabeleça territórios de fuga da padronização imposta culturalmente. Para que isso ocorra é necessário pensarmos o espaço de ensino aprendizagem como o espaço da divergência, da desestabilização, do confronto que pretende o consenso e não a unanimidade, o heterogênio e não o homogênio`. (Oliveira, Gallina, 2006, p. 189)"
Eu então respondo o seguinte:

"É importante perceber que a Filosofia dá os instrumentos ou ferramentas intelectuais para que a pessoa seja capaz de pensar e agir. O pensar e agir autônomo é até desejado, mas impossível, haja vista a influência teórica. É como afirmar a neutralidade da ciência, impossível visto que o cientista sempre falará a partir do seu referencial, seus valos, crenças, e isso é bom, mas há a necessidade de sermos honestos em nossa proposta, deixando claro que carregamos certa ideologia, invés da comumente mentira de nós fizermos neutros ou sem ideologias. Essa mentira é latente entre os "intelectuais" - em sua maioria, pelo menos aqui no Brasil. Assumir uma ideologia não é crime, mas sem mentiroso quanto ao assumir isso é vergonhoso.
Nesse sentido, o que temos no ensino da filosofia no Brasil é uma imposição ideológica, e não o ensino livre do filosofar, onde é preciso ser a favor de dada ideologia (política, social, organizacional, seja qual for). Logo as pessoas acabam por apresentar argumentos decorados, que apenas reproduzem com a falsa sensação de ter se refletido sobre eles, é o pior é não aceitar que alguém discorde e lhe mostre que seu argumento é falho. Posiciona-se como acima dos outros, o autor da solução - que não é dele é bem deu certo com o autor original.
Por exemplo, reproduzem Marx, Gramsci e Paulo Freire como se tivessem solucionado o problema do mundo, mas são um visão parcial e ideologicamente constituída. Usam jargões de suas ideologias, e não permitem que seja ensinado o outro lado, apresentando apenas uma face da realidade filosófica em debate. Desse modo, a Filosofia jamais será instrumento para o uso das faculdades intelectuais, mas mantenedora de discursos. Quando se assume que está defendendo um ponto de vista a partir de uma ideologia, o contraponto é possível, é mais honesto, é o diálogo, mesmo que nunca se concorde, é muito mais saudável e filosófico".

Nenhum comentário:

Postar um comentário