sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O que significa romper com o mito?

   
    É impossível separar a Filosofia do pensamento mítico. Afinal, a Filosofia não surgiu do nada, havia algo antes dela e esse algo que precedeu o pensamento filosófico-científico foi o mito.
    Precisamos nos situar na história e entendermos que no séc. VI a.C., aproximadamente, surge a Filosofia, por conta da insatisfação do homem grego, com as respostas dadas por meio do mito e, nós precisamos compreender isso.
    Sempre que dou inicio a um ano letivo e me deparo com os alunos do 1° Ano do Ensino Médio, a Filosofia é algo novo e desconhecido da maioria, procuro traçar com esse meus alunos, um panorama histórico da Filosofia, afim de que ele possa ver a Filosofia no tempo e no espaço da história da humanidade. Talvez em outra oportunidade, quem sabe o próximo texto a ser postado seja sobre essa questão, ou seja, traçar um panorama geral da História da Filosofia com vocês, mas agora vamos nos ater apenas ao mito.
    Pois bem, o que caracteriza o pensamento mítico? Assim como a Filosofia, o mito é uma forma de explicar a realidade e sua forma de fazer isso é com o uso do apelo sobrenatural, aquilo que é misterioso. No nosso caso específico, na Grécia Antiga, estamos nos referindo ao panteão olímpico.
    Os fenômenos naturais como chuva, vento, sol, dia e noite, ações como amor, alegria, a vida e a morte, o destino, são todos regidos e controlados por deuses, uma realidade exterior ao mundo humano. Quem teria acesso a eles eram os sacerdotes e sacerdotisas, os oráculos, aqueles que faziam o contato direto com os deuses, servindo de ponte entre os homens e esses deuses.
    Contudo, não apenas os gregos, mas outras civilizações possuem algum tipo de explicação mítica da realidade. Para que ele se mantivesse era preciso a aceitação e a adesão do indivíduo, pois configurava sua própria visão de mundo e experiência do real, ou seja, era preciso crer, caso não, o mito perderia sua razão de ser.
    Dito isso, podemos agora fazer a ligação com o pensamento filosófico, só que, em qual contexto? Aristóteles atribui a Tales de Mileto o status de iniciador do filosofar, este vivia na Ásia Menor, região onde hoje é a Turquia. Essa região era conhecida como Jônia e diversas cidades-Estado importantes para a época existiam ali, uma delas Mileto. Importante rota comercial na época, servia de entreposto para o comércio entre diversos povos que negociavam suas mercadorias. Podemos dizer que eram cidades cosmopolitas, ou seja, abraçavam varias visões de mundo, conviviam harmoniosamente. Imagine uma cidade de São Paulo com diversos tipos de pessoas, das mais variadas etnias e até diferentes países convivendo todos os dias, trabalhando juntos e dividindo o espaço público. Imaginou? Ok, era algo próximo a isso que acontecia na Jônia. Nas cidades da Jônia se reunião povos do Egito, Mesopotâmia e Pérsia e muito provavelmente Índia e China, além, é claro, do gregos.
    Imagine mais uma vez toda essa diversidade e efervescência cultural junta. Muitas histórias sobre a teogonia (conhecimento dos deuses) e cosmogonia (conhecimento do cosmos/mundo), deferentes. Esses fatores favoreceram para que o mito fosse perdendo sua força, ao menos para o homem grego, que passou a buscar algo que satisfizesse a sua ânsia por respostas, encontrando na razão pura (logos, como diziam os gregos) a base para uma explicação que não prescindia da crença, da fé, da adesão e aceitação dos mitos gregos, da teogonia de Homero e Hesíodo, sem apelo ao sobrenatural, a magia.
    Nesse sentido é que pode dizer que Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo. Pois foi o primeiro a buscar e dar respostas para duvidas, por meio da razão, do conhecimento filosófico-científico. Será exatamente nisso que a Filosofia romperá com o Mito, na sua forma de proceder e explicar o mundo.
    Não se iluda sobre isso, esse rompimento não significa que os gregos dormiram crendo nos mitos e ao acordar os rejeitou completamente. O Mito perdeu sua força como explicação cosmológica, mas não como tradição, pelo contrário, fazia e fez parte da vida do homem grego, basta ver sua influência na escola pitagórica e nas obras de Platão.
    O Mito teve papel importante para o surgimento do pensamento filosófico-científico e não pode ser rejeitado como algo sem valor ou fora da Filosofia. O objeto de questionamento é o mesmo para o Mito e para a Filosofia, ou seja, ambos querem explicar a realidade, mas a forma diverge. Enquanto o Mito precisa de adesão e aceitação para se crer nas respostas dadas por meio do sobrenatural e do misterioso. A Filosofia demanda a compreensão dos argumentos racionais acerca do mundo, alcançados por meio da observação do próprio mundo que os cerca.
    O surgimento da Filosofia não exclui a existência por completo do Mito, até porque, ainda hoje ele influencia o imaginário  dos homens, nas crenças, superstições, fantasias. acredito que a compreensão desses elementos nos auxilia começar caminhar ruma a compreensão do pensamento filosófico. Sem perceber que o papel do Mito e o surgimento da Filosofia, muito possivelmente ficamos sem saber a necessidade da Filosofia e como ambos fazem parte da nossa vida. Somos influenciados tanto por um quanto por outro em nossas construções mentais mais simples.
    Lembro você caro leitor, que pode usar esse texto, no entanto, seja honesto com minha propriedade intelectual, o texto em questão, pois se usar e não citar a fonte é plágio e plágio é crime. Seja honesto e respeito o autor, todo e qualquer autor.
    Desejo que tenha sido proveitoso e tenha contribuído para sua compreensão da ruptura entre Mito e Filosofia. Clique nesses hiperlinks Surgimento da Filosofia e Mito e a ruptura filosófica, nesses links você verá vídeo aulas sobre o mesmo assunto que tratamos aqui. Não deixe de compartilhar nosso texto e vídeo, curta e nos siga aqui e no YouTube.



Referências:

- IGLÉSIAS, Maura, in: REZENDE, Antonio. Org. Curso de Filosofia: para professores e alunos do segundo grau e de graduação, 11ª edição. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed. 2002. p. 11-17
- MARCONDES, Danilo. Iniciação a História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein, 11ª edição. Rio de Janeiro, Jorge Zagar Ed., 2007. p. 19-29.
- NAGEL, Thomas. Uma breve introdução a Filosofia, 2ª edção. Trad. Silvana Vieira. São Paulo, martins Fontes, 2007. p. 1-5.
- REALE, Giovanni, ARTISERI, Dario. História da Filosofia: Filosofia pagã antiga. Vol. I, 3ª edição. Trad. Ivo Storniolo. São Paulo, Paulus, 2007. p. 3-5.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Indicação de leitura - I

Essa semana um jovem me procurou em meu Facebook, pedia indicações de livros de Filosofia. Me infirmou que teve algum contato que despertou o interesse nele, gostaria de ler e se aprofundar mais.

Pois bem, eu de fato indico que se busque um curso de Filosofia, mas como não há ainda um curso livre de Filosofia, quem sabe lançamos um, não recomendo fazer uma faculdade de Filosofia só por hobby, a não ser qu você ja tenha uma vida profissional constituída e queira apenas estudar, afinal, você estudará muito.

Quero recomendar alguns livros aqui e essa é uma recomendação muito pessoal, possivelmente não é unanima no seu método. Vamos lá!

O primeiro que quero indicar é um romance baseado na história da Filosofia como um todo. "O mundo de Sofia" é a história de uma menina que percorre toda a Filosofia, desde de seu nascimento c os pré-socráticos até os dias atuais. É muito usado no Ensino Médio para despertar nos alunos o interesse pela matéria, traz diversos conceitos de Filosofia ideal para um início na Filosofia por quem está no "nível 0" de conhecimento filosófico.


Os outros são manuais de Filosofia e demandam um certo conhecimento, mas que são bons títulos para ajudar no início da caminhada. Um deles é uma coletânea de textos sobre alguns filósofos e escolas filosóficas organizado pelo professor Antonio Rezende, "Curso de Filosofia" da editora Zahar foi meu primeiro livro de Filosofia, antes de iniciar a Faculdade.


O outro livro é "Iniciação a história da Filosofia" do professor Danilo Marcondes, pela editora Zahar. Um tradicional livro de história da Filosofia com bom conteúdo, que serve muito bem ao seu propósito como manual. Hoje uso muito esse livro para complementar minhas aulas, já usei alguns textos algumas vezes com as turmas. Para quem quer começar, eu recomendo.


O último é o "Guia Ilustrado da Filosofia", também da editora Zahar, é manual com ilustrações, fotos e gravuras, com linguagem bem simplificada e de fácil compreensão, está na biblioteca das escolas estaduais da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Também recomendo.


Esses são alguns títulos que recomendo, você pode entrar em contato pela FanPage no Facebook e acompanhar meu canal no YouTube com algumas aulas já postadas.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Sobre um método

    Uma das dúvidas que se segue a quem se interesse minimamente por Filosofia é como procederde que modo faço Filosofia; qual o método? Não é simples, não é rápido, nem tão pouco há uma receita como a de bolo da vovó.
    Àquele que se proponha fazer Filosofia se pede esforço e dicação como dito já em outra oportunidade. Contudo, o mais prudente ao estudioso é buscar todos os meios para fundamentar sua resposta, restringindo ao máximo seu objeto de estudo, fazendo assim que sua pesquisa não seja ampla por demais, dificultando e atrasando assim os resultados, o que consequentemente torna cansativa a tarefa pretendida.
    Levantar o problema é o primeiro passo, do modo mas restrito quanto possível, segue-se então uma hipótese que se pretenda corroborar no decorrer do trabalho. Feito isso é preciso buscar as leituras que auxiliaram nesse processo. Um ponto é importante nessa seleção dos textos, não se deve apenas buscar escritos que sejam simpáticos ao seu tema de pesquisa. É tão importante a busca de teorias contrários quanto as que lhe são caras.
    O desenvolvimento é algo que dever ser feito de modo claro e sistemático, sendo fiel às convicção pretendidas, sem a intenção de agrado a quem quer que seja, nem mesmo as suas próprias se for o caso. Contudo, cada escritos tem seu modo de produzir, um estilo de escrita, mas clareza na demonstração das idéias é uma tarefe que deve ser buscada a todo custo. Não é um texto ilegível, rebuscado e cheio de supostas idealizações complicadas que fazem um texto filosófico, é a simplicidade dos termos e a possibilidade de o leitor entender tudo que está escrito, o que você pretende, quais ideias se defende e quais se ataca.
    Outros pontos em outra oportunidade discutiremos.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Crônicas e Contos Filosóficos: Sobre a Origem - Parte 1

Certo dia, sentado na varanda de uma chácara que meus pais alugaram para passarmos um feriado, eu olhava a serra que ficava bem de frente e pensava: "como tudo isso veio parar aí!"

Meus pais acordaram e fomos tomar café. Perguntei então para meu pai:- Pai, qual a origem das coisas?- Que coisas filho? - Perguntou ele.- Ah, das coisas pai, de tudo que existe!Ele olhou para mim com o pão entre os dentes, balançou a cabeça com um sorriso de canto e falou: "Tome seu café"

Fiquei frustado, eu queria mesmo saber a origem das coisas, decidi eu mesmo encontrar a resposta, talvez meu pai não soubesse e seria eu quem o ensinaria isso.

Saí então em minha empreitada, levava comigo, andando pela região da chácara, uma mochila com os itens básicos, água, comida, binóculo, caneta e papel para anotar minhas descobertas, além de uma lanterna - nunca se sabe não é?Logo me deparei com uma árvore seca, estavam só os galhos sem folhas, estas estavam no chão, secas. Fiquei triste pois estava morrendo, me detive ali, fiquei olhando aquele pedaço de madeira que um dia teve vida, deu flores e frutos.Me sentei no chão e quando fui apoiar minhas mãos percebi um broto de uma planta, virei e fiquei ali olhando, não andei mais aquele dia, minha pesquisa sobre a origem das coisas parou ali.Percebi que a terra estava seca, havia algum tempo que não chovia, peguei minha água e molhei a planta, senti sede e bebi um gole também.

"Plin!" Quase pude escutar o som de uma ideia vindo a minha mente.

- É a água. Isso, é a água a origem de todas as coisas, olha essa árvore seca, olha essa planta crescendo, as duas precisam de água, eu preciso de água, eu tive sede, bebi a água e ela sumiu. Peguei uma maça na bolsa para comemorar meu feito brilhante, mordi então a fruta e um caldo escorreu da minha boca e isso me fez ter mais certeza que tudo existia por causa da água.

Corri empolgado para a casa e observava pelo caminho as cosias que estavam mortas, elas estavam secas, ressecadas, então conclui que elas não tinham vida. No entanto, haviam outras coisas,plantas lindas, verdinhas ou coloridas, dependia da sua espécie, então conclui que estavam vivas e tinham água.

Chegando em casa, contei para meu pai minhas descobertas e minha conclusão, ensinei meu pai a origem das coisas. Ele sorriu e me pediu para sentar e disse:- Filho, meus parabéns, você chegou a uma conclusão fantástica, mas preciso te contar uma coisa. Um homem já disse isso!- É mesmo pai? Perguntei.- Sim filho, o nome dele é Tales, ele vivia numa cidade chamada Mileto, a muito tempo, por volta do ano 600 antes de Cristo.- E o que ele disse pai?- As pessoas queriam saber qual era a origem das coisas, assim como você. Eles queriam saber qual coisa, elemento ou essência era comum, ou seja, havia de maneira igual em todos os seres.Tales então chegou a conclusão que esse elemento comum a todos os seres era a água.- Que legal pai, assim como eu!- Sim filho, assim como você. Me conta como é que chegou a essa conclusão.Contei a ele sobre como eu havia visto a árvore seca e meu espanto ao ver o broto. Falei da terra seca e minha sede, e com eu havia visto vida na água e morte sem ela.- Legal filho, o Tales fez assim também.- É pai?- É, olha, ele foi estudar numa cidade do Egito, ele viu que o rio Nilo enchia, quando ele esvaziava as pessoas plantavam no lugar onde a água havia ficado, essa parte da terra estava boa para plantar.Ele também percebeu que onde a água do rio não chegava, não se plantava nada. Foi por isso que ele imaginou que a água era aquilo que eles chamavam de "princípio primordial"- Princípio primordial? Uaaaau. Que bonito esse nome pai, descobri então o "princípio primordial". Que brilhante esse Tales, esperto como eu.

Meu pai riu mais uma vez, passou a mão em minha cabeça e me deu um beijo no rosto e disse: "Vai descobrir mais coisas."

Sentei na varanda, agora no fim de tarde, logo me dei conta que não havia respondido uma pergunta ao olhar para a serra: "como tudo isso veio parar aí!".Deixei essa resposta para procurar no outro dia, já estava anoitecendo e meus pais não me deixariam sair de casa.



Rogério Moreira Penna - Crônicas e
Contos Filosóficos.

É possível definir a Filosofia?

Continuando a reflexão de um post anterior:

A vantagem da Filosofia é a possibilidade de vivermos e aprendermos a perceber seus pontos relevantes.
A algum tempo eu decididamente definiria a Filosofia como sendo a busca pela verdade através de respostas racionais ou algo clichê. No entando, eu percebo hoje que ela vai além de uma definição etmológica ou um conceito.
É preciso lembrarmos de Sócrates quando diz que "só sei que nada sei" e sua incistência em não escrever nenhum livro, por crer que tal coisa não permitiria o crescimento intelectual das pessoas e da própria Filosofia.
Pois bem, eu percebo hoje que definir a Filosofia é uma tarefa unilateral, que reprime o papel inovador da Filosofia na Gércia antiga. Vários pensadores buscaram essa definição, mas assim como Kant, penso que ensinamos Filosofia, mas no máximo podemos ensinar - se formos capazes - a filosofar.
Não há como definir algo que "meus olhos" percebem como primordial para a vida do ser humano, mesmo que nem todos sejam capazes de aprender e apreender a Filosofia em suas mentes por motivos naturais, como Platão já havia percebido.
Só posso dizer que ela é tão essencial que é impossivel não notar sua condição necessária para o agir do ser humano.

domingo, 4 de setembro de 2016

Palestra - Tema: "Sou responsável"

Com a palestra "Sou responsável", tive a oportunidade de falar e levar à uma reflexão sobre o assunto alunos das Escolas Estaduais Professor Wilson Pires César e Dr. Demétrio Ivahy Badaró, bem como a oportunidade de falar com a equipe do Programa Escola da Família da Escola Estadual Yvone Nogueira durante o replanejamento com a equipe de universitários.

Foi um grande prazer falar com vocês e compartilhar esse momento. E estou aberto a convites para novas oportunidades para falarmos sobre esse tema tão necessário sempre.





O que penso que seja a Filosofia!*

Não quero com esse texto definir nada, mas apenas apresentar muito particularmente aquilo que creio ser a escolha que fiz, talvez até explique porque a escolhi, mas como é uma pergunta que todos fazem a nós formados na área, tento aqui dizer nada criteriosa ou cientificamente sobre que penso ser a filosofia.
Perguntar “o que é a filosofia” parece a pergunta mais freqüente aos que são formados na área, bem como chamá-los de filósofos. A resposta para essa pergunta é difícil e nada rápida, nem mesmo depois de muito pensar ela parece ser clara, afinal, sempre que tentarmos definir “o que é a filosofia”, sempre esbarraremos em definições muito particulares, contudo, em algum lugar essas varias respostas se encontrarão e concordarão, qual seja, dizer que a filosofia é fazer o uso da razão.
Oras, isso não define a filosofia, mas é um atributo dela, afinal, esse uso da razão se pretende livre e critico, como já disse Kant, é “fazer uso de seu próprio entendimento”, aquilo que ele chamou de maioridade. Concordo com Kant e é nesse sentido que direciono meu trabalho, pois bem, sou um filósofo? Creio ainda não, ou pelo menos não do modo que eu desejo, mas sou professor de filosofia, que ensina a historia da filosofia e as filosofias de cada época aos meus alunos e, a partir daí, levá-los a filosofar como também propôs Kant.
Então já podemos dizer que filosofia é fazer uso de uma razão, razão esta em um estágio de maioridade e que não se pode ensinar nem aprender a filosofia, somente filosofar, e também que, nem todo professor de filosofia é de fato um filósofo. Bem, mas porque nem todo professor de filosofia é filósofo? Penso que a produção filosófica define o filósofo, aquele que se dedica a produzir filosofia, esse é filósofo, e nós professores, infelizmente não temos tempo nem incentivo para produzir, dado ao volume de trabalho e a demanda burocrática da profissão no Brasil. Tenho arriscado produzir, creio que posso me considerar um filósofo hoje, pelo esforço no assunto pesquisado não apenas para escrever sobre ele, mas para coloca-lo em prática no dia a dia, no meu e nos que me rodeiam, esperando também no dia a dia de pessoas que sequer conheço.
No entanto, ser um bom professor de filosofia não é demérito nenhum caso não venha ele a se tornar um filósofo, pois, o papel do professor, no caso e especialmente o de filosofia é fazer com que seus alunos sejam capazes de alcançarem essa maioridade proposta por Kant, pensarem por si mesmos sobre os assuntos do seu dia  a dia, afinal, a filosofia não nasceu nos gabinetes dos filósofos e muito menos deve permanecer em um, ela deve estar aplicada nas questões mais simples da nossa existência.
A filosofia nos faz mudar, nos faz ser diferentes, e as vezes a diferença incomoda, eu mesmo já sofri alguns “preconceitos” por pensar diferente, por ver diferente. Não são só rosas, não é “viajar” como muitos pensam, a filosofia traz incomodo, inquietação, desespero, impaciência para com as questões do mundo e da vida humana, ela não nos deixa tranqüilos com relação as respostas dadas pelos filósofos, como um bloco de idéias inalteráveis que não podem ser questionadas e rejeitadas caso queira, até modificadas, quem o sabe. Isso traz incomodo, inquietação, desespero, impaciência.
Mais não se descabele, isso tudo que vem com a filosofia é ótimo, nunca me arrependi de ao entrar no curso de filosofia ganhar todos esses “brindes” que a maioria das pessoas não quer, afinal, como diz um velho ditado “a ignorância é uma benção”, não causa nenhum incomodo, inquietação, desespero, impaciência, com isso somos incapazes de mudar alguma coisa e permanecermos sempre numa zona de conforto quente e aconchegante. Próprio do que não é da filosofia e que é combatido desde o nascimento dela, a Filosofia.
Por isso, se dê uma chance de ver diferente, rever idéias e conceitos que estão a tempos solidificados, e como escutei em uma palestra certa vez “a mudança acontece quando a dor de permanecer é maior que a dor de mudar”, e afirmo que a filosofia dói, pois nos força a rever. Desse modo, me considero um masoquista, pois a dor que a filosofia me causa é algo que nunca quero deixar de sentir, nunca quero deixar de ser criança, pois é na infância que procuramos saber todos os porquês e ouvimos que somos ou curiosos ou chatos. Acredito que não deixei de ser criança, ainda escuto que sou chato por questionar, que sou "crítico" por não me conformar com o posto e, que bom, sinal que meu esforço filosófico não deixou de ter sentido pra mim.
Não pense que é essa uma visão trágica da filosofia, nem mesmo poética, talvez um relato nada filosófico e muito emocional daquilo que escolhi para minha vida, pois de fato, amo a sabedoria, sou amigo dela, ou pelo menos tento, como a etimologia da palavra filosofia traduz.

Professor Rogério Penna

*Esse texto foi originalmente escrito em 2009, foi editado para essa publicação, afinal, a mudança faz parte de nós e relendo percebi algumas bobagens megalomaníacas no texto original, fazendo que fosse preciso modificar. Faz parte do repensar nossos pensamentos.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

O que é a Filosofia?

Abrindo o blog vai aí uma dica de um texto que diz muito sobre "o que é a filosofia".

Vale a pena conferir a introdução do livro "Fundamentals of Philosophy" traduzida para o português. Esse livro foi escrito pelo filosofo inglês John Shand.

É só acessar o link e ler o texto, ele está disponivel para qualquer pessoa que queira lê-lo. O site onde ele se encontra é pago e alguns textos estão disponiveis.

Um excelente site, com otimo material sobre filosofia.

http://criticanarede.com/oqefilosofia.html