Depois de algum tempo sem conseguir me
sentar para escrever aqui no blog, quis tomar um tempo e voltar para
compartilhar com vocês uma experiência que tive essa ultima semana.
A muito tempo não
vivenciava o ambiente acadêmico, felizmente, tive a oportunidade de participar
de uma Jornada Acadêmica promovida por uma universidade aqui da minha cidade,
realizada pelo curso de teologia da mesma. Senti-me com as ideias oxigenadas por
estar em um local que me é muito caro. Pois bem, vamos aos fatos.
Tive a chance de ouvir três palestras, na
ultima delas, a que eu mais aguardava, seria proferida pelo pastor e professor
Guilherme de Carvalho, um teólogo que trabalha especialmente as linhas de uma
Teologia Filosófica e de Filosofia da Religião. Foi muito melhor do que eu
esperava, abriu-me a mente para muitas ideias que eu não conhecia e pontos de
vista ainda não observados por mim, novas referências bibliográficas, novos
conteúdos para estudar.
Findada a palestra tive a coragem de ir
até palestrante – coragem pois, muitos não dão atenção, seja por falta de tempo
ou por arrogância mesmo – conversar sobre uma pergunta que eu fiz e uma ideia
que me foi esclarecida. Qual minha surpresa, a humildade de Guilherme – me sinto
intimo para me dirigir assim – e sua disponibilidade para conversar comigo como
se fossemos amigos de longa data, me oportunizaram uma conversa mais profunda e
uma motivação por parte dele a produzir e pesquisar outros nomes da filosofia
não citados por ele na palestra.
Um desses nomes era do filósofo holandês e
cristão Herman Dooyeweerd, não o conhecia, minha formação filosófica alias é
muito limitada ao que tange filósofos cristãos, salvo os medievais e Kierkegaard.
O pouco que pesquisei me fizeram perceber a densidade de suas ideias, sua
importância para o pensamento filosófico, teológico, jurídico e político da
Holanda do séc. XX. Além de sua influência em outras áreas do saber na Holanda
e Europa, levando-o até a América do Norte que também influenciou alguns pensadores.
O que me chamou a atenção na biografia de
Dooeyweerd é sua total declaração de fé a Jesus Cristo, ele não camuflou sua
fé, nem o ponto de partida de suas motivações e inquietações, nem mesmo a sua
intenção de que por meio da Filosofia aprofundássemos discussões a cerca de
Deus, da fé e principalmente da vida do cristão no mundo como um todo, em suas
diferentes esferas e a necessidade da presença cristã.
O mais interessante, para mim, é a
afirmação de que razão e fé não estão separados – analise minha – e que o
cristão deve se apresentar como tal sem separação de campos, por exemplo, “agora
vou falar viver como cristão”, em oposição, “agora vou falar e viver como
filósofo”, sem dicotomia, sem recorte, mas a integralidade do cristão na sua
esfera de atuação e ali revelar a Cristo e fazer a diferença.
Por que digo isso? Não sei se no Brasil ou
apenas com os que convivo, parece haver a necessidade de uma vida dupla, uma “vida
religiosa” ou “sagrada” e uma “vida secular” sem influencias aparentes da fé,
afinal, “não devemos misturar as coisas”, mas em Dooyeweed vejo o oposto a
isso, e ainda assim um filósofo respeitado por outros filósofos cristãos e não
cristãos, os que concordam e os que discordam.
Posso dizer que, graças a Deus o conheci,
me fez mudar muito minha maneira de ver determinadas coisas e ideias, inclusive
minha atuação como professor e filósofo, minha produção e atuação não precisam
guardam minha fé em Cristo em separado para depois pega-la e vive-la em minha
fé. Não existe secular e sagrado na vida do cristão, tudo é sagrado, tudo faz
parte do mesmo ser humano integral que sou, sem me fragmentar, me separar, sem
me sentir um peixe fora d’água.
Espero voltar a escrever e voltarei a
postar aqui no blog textos sobre História da Filosofia e sobre os Filósofos em
geral mas certamente estarei mais a vontade para ser integral em minha fé e
razão, que sempre, desde minha conversão, estão submetidas a Cristo. Convido a
você continuar aqui, acompanhar as produções, sem preconceito.
Professor Rogério Penna.
03/11/2016
Parabéns Rogério, louvado seja Deus, que te deu sabedoria para perceber e vivenciar esta profunda experiência de ser um cristão filósofo. Deus te abençõe!
ResponderExcluirObrigado Sandra. Amém! Sempre seja louvado.
Excluir